terça-feira, 19 de maio de 2009

As vítimas silenciosas do terror vermelho

Nada os impedirá estes maniacos de continuar romantizando uma ideologia que produziu 100 milhões de cadáveres no século passado - a contagem segue em lugares como a Coréia do Norte, China e Cuba. Na cabeça desses psicopatas, o outro mundo possível ainda é um sonho lindo e imaculado.

N
o colégio e no jornal, aprendemos que as maiores barbaridades da história foram causadas por americanos. São verdades incontestáveis. Todos nós aprendemos que a guerra no Vietnã foi a maior carnificina da Ásia. A invasão do Iraque foi um crime contra a humanidade. Os americanos fizeram o golpe de 64 no Brasil. Estão matando detentos em escala industrial em Guantánamo.

Nesta terça, 31 de março, finalmente alguém assumiu a culpa pelas atrocidades na prisão. O diretor se declarou responsável pela morte de vários prisioneiros, por tortura ou fome. "Espero que me permitam pedir perdão aos sobreviventes do regime e aos parentes queridos daqueles que morreram brutalmente".
Se a informação fosse dada assim, sem detalhes, os leitores tenderiam a pensar logo em Guantánamo. Muitos exultariam com a confissão da maldade do império americano e do desrespeito aos acusados de planejar atentados terroristas. Alguns pensariam: "Obama realmente inaugurou uma era melhor". Mas as palavras arrependidas não são de um funcionário de Guantánamo. São de Kaing Guek Eav, também conhecido como Duch, de 66 anos. Ele trabalhou como diretor da Tuol Sleng, cadeia onde mais de 12 mil prisioneiros foram assassinados. Foi agente de um massacre que não costuma ter destaque nas cartilhas de propaganda marxista do MEC apelidadas de livros de história: a ditadura comunista do Khmer Vermelho no Camboja.

Conforme os dados apresentados em "O Livro Negro do Comunismo", o Camboja sofreu, em termos proporcionais, o maior banho de sangue entre todos os regimes comunistas do mundo.
Sob as rédeas do Khmer Vermelho de 1975 a 1979, ao menos dois milhões de cambojanos foram expulsos das cidades, deportados para a zona rural, confinados em campos de trabalhos forçados, doutrinados, torturados e executados. Muitos crânios foram parar na coleção particular do chefão do Khmer, o genocida Pol Pot.

Dois milhões de mortos em quatro anos. Um recorde monstruoso. Tudo isso na tentativa de transformar em realidade o outro mundo possível idealizado pelos comunistas. De fazer a igualdade social na marra. De criar o novo homem.

O terror dos cambojanos é pouco comentado. Não sei se algum jornal vai pedir a Oscar Niemeyer sua opinião sobre a experiência social promovida pelo Khmer. Comparando à cobertura da rotina em Guantánamo, o julgamento dos responsáveis pelo genocídio no Camboja recebe atenção mínima da imprensa, mesmo que tal julgamento tenha significado histórico equivalente à condenação dos nazistas no Tribunal de Nuremberg.

Os apologistas do comunismo vão seguir em frente tratando dois milhões de mortos sob o Khmer como um detalhe irrisório. Caso tenham a enorme boa vontade de abrir o bico, o máximo que podem expressar é a certeza de que tudo não passou de um "desvio", ou, para usar linguagem petista, um "tombo ético". Nada os impedirá de continuar romantizando uma ideologia que produziu 100 milhões de cadáveres no século passado - a contagem segue em lugares como a Coréia do Norte, China e Cuba. Na cabeça desses psicopatas, o outro mundo possível ainda é um sonho lindo e imaculado.

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