quarta-feira, 20 de maio de 2009

Movimento antropofágico

“Num massacre famoso, na escola de Mushan em 1968, na qual 150 pessoas morreram, vários fígados foram extirpados na hora e preparados com vinagre de arroz e alho”

O apelo a "destruir todos os monstros" que desencadeou o movimento na universidade de Pequim não era uma palavra vã: o "inimigo de classe", recoberto de cartazes, de chapeus e às vezes de trajes ridículos (as mulheres principalmente), obriga a posturas grotescas (e difíceis), o rosto rabiscado com tinta preta, obrigado a latir como um cão, de quatro, devia perder sua dignidade humana. Em agosto de 1967, a imprensa de Pequim vomita: os anti-maoístas são "ratos que correm nas ruas. Matem-nos, matem-nos".
Essa mesma desumanização é encontrada desde o período da reforma agrária, em 1949. Dessa forma, um proprietário de terras é atrelado a um arado e obrigado a trabalhar a golpes de chicote. Vários milhões de "animais" semelhantes foram exterminados e comidos uma vez que não passavam de seimples "animais" em particular diretores de colégios, e com a participação de funcionários locais do PC; Guardas Vermelhos fizeram-se assim servir carne humana na cantina: foi aparentemente também o que aconteceu em algumas administrações. Harry Wu evoca um executado do Laogai, em 1970, cujo cérebro foi devorado por um agente da Segurança: ele havia - crime sem igual - ousado escrever: "Derrubem o presidente Mao".

“Churrasquinho chinês”

Durante a Revolução Cultural chinesa, muitos condenados à morte tinham seus corpos retalhados, assados e comidos. “Num massacre famoso, na escola de Mushan em 1968, na qual 150 pessoas morreram, vários fígados foram extirpados na hora e preparados com vinagre de arroz e alho” (“Canibais de Mao”, in revista Veja, 22 de janeiro de 1997, pg. 48-49). Essa prática de canibalismo se tornou corriqueira, no período de 1968 e 1970, quando centenas de “inimigos do povo” foram devorados em Guangxi, conforme pesquisas de Zheng Yi em Guangxi. O trabalho de Zheng Yi, dissidente exilado nos EUA desde 1992, resultou no livro “Scarlet Memorial – Tales of Cannibalism in Modern China” (Memorial Escarlate – Histórias de Canibalismo na China Moderna). Na mesma época, havia um tipo de tortura sui generis: alguns presos, ainda vivos, tinham seus órgãos sexuais (pênis e testículos) arrancados, assados e comidos, como consta no mesmo artigo de Veja: “Wang Wenliu, maoísta promovida a vice-presidente do comitê revolucionário de Wuxuan durante a Revolução Cultural, especializou-se em devorar genitais masculinos assados”.

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