quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A culpa é dos economistas

A formação do economista brasileiro é essencialmente marxista e keynesiana. Conseqüentemente, o que podemos falar do bacharel brasileiro em Economia é que ele pode ser qualquer coisa - menos um economista! Poderíamos denominá-lo mais propriamente de "socialista" ou de "planejador" ou de qualquer outro termo que corretamente defina o escopo do seu trabalho, que tem sido voltar-se prioritariamente ao estudo e confecção de... políticas públicas!

T
homas Carlyle denominava a economia de "ciência triste" e Karl Marx estigmatizou os economistas como sicofantas da burguesia. Charlatães - exaltando suas poções mágicas e seus atalhos para o paraíso terrestre - se satisfazem em desdenhar a economia, qualificando-a como "ortodoxa" ou "reacionária". Demagogos se orgulham do que chamam de suas vitórias sobre a economia. O homem "prático", Inácio "Lula"da Silva, alardeia sua ignorância em economia e seu desprezo pelos ensinamentos de economistas "teóricos".

O principal motivo do desenvolvimento das doutrinas do polilogismo, historicismo e irracionalismo foi proporcionar uma justificativa para desconsiderar os ensinamentos da economia na determinação de políticas econômicas. Os socialistas, racistas, nacionalistas e estatistas fracassaram nas suas tentativas de refutar as teorias dos economistas e demonstrar o acerto de suas doutrinas espúrias. Foi precisamente essa frustração que os impeliu a negar os princípios lógicos e epistemológicos sobre os quais se baseia o raciocínio humano, tanto nas atividades cotidianas como na pesquisa científica.

Esses rabugentos não chegam a perceber que o tremendo progresso da tecnologia de produção e o conseqüente aumento de riqueza e bem-estar só foram possíveis graças à adoção daquelas políticas liberais que representavam a aplicação prática dos ensinamentos da economia. Nenhuma das grandes invenções modernas teria tido utilidade prática se a mentalidade da era pré-capitalista não tivesse sido completamente demolida pelos economistas. O que é comumente chamado de "revolução industrial" foi o resultado da revolução ideológica efetuada pelas doutrinas dos economistas.

As políticas econômicas das últimas décadas têm sido o resultado de uma mentalidade que escarnece de qualquer teoria econômica bem fundamentada e glorifica as doutrinas espúrias de seus detratores. O que é conhecido como economia "ortodoxa" não é ensinado nas universidades da maior parte dos países, sendo virtualmente desconhecida dos líderes políticos e escritores. A culpa da situação econômica insatisfatória certamente não pode ser imputada à ciência que os governantes e massas ignoram e desprezam.

A solenidade pretensiosa exibida pelos estatísticos e pelas agências estatísticas ao anunciarem índices de custo de vida e de poder de compra é desmedida. Esses índices numéricos não são mais do que ilustrações grosseiras e inexatas de mudanças já ocorridas. Nos períodos em que a relação entre a oferta e a demanda por moeda se altera muito lentamente, os índices não nos fornecem nenhuma informação. Nos períodos de inflação e, conseqüentemente, de variações bruscas de preços, os índices nos proporcionam uma imagem tosca de eventos que cada indivíduo percebe por experiência própria, no seu dia a dia.

Uma dona de casa judiciosa sabe mais sobre mudanças de preços que afetem sua economia doméstica do que lhe poderiam ensinar as médias estatísticas. Para ela, de pouco adiantam cálculos feitos sem considerar as mudanças tanto em qualidade quanto em quantidade dos bens que ela pode adquirir aos preços utilizados para calcular o índice.

Enfim, Economia, em bom senso, é algo que exige estudo, sim, mas raramente envolve a complicação de fórmulas, gráficos, tabelas e tablitas. Economia é o estudo da ação humana, assim entendida como objetiva e propositada, tendo como ponto de partida a compreensão da teoria subjetiva do valor. Nada a ver com o que se vê nos telejornais ou na maior parte das estantes das livrarias.

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